Como fã das aventuras de Astérix e Obélix, deixo aqui uma lista (sem nenhuma ordem especifica) com os livros que eu considero essenciais.
O Combate dos Chefes - Os Romanos percebem que para derrotar a aldeia Gaulesa, têm de eliminar o druida Panoramix e assim eliminam a poção mágica. Acidentalmente esse objectivo é quase cumprido com Panoramix a ser atingido por um menir de Obélix acabando por ficar completamente doido e incapaz de reconhecer alguém. A 2ª parte do plano é o chamado "combate dos chefes", um costume gaulês onde um chefe desafia outro para um combate, ficando o vencedor com a aldeia do derrotado. Obviamente os Romanos sabendo que o druida se encontra incapaz de fazer a poção, usam um chefe aliado (simbolizando os gauleses assimilados pelos Romanos) para desafiar Abraracourcix (ou Matasetix nas novas traduções), o chefe da aldeia de Astérix para um combate.
Este é dos livros onde os Gauleses se mostram mais assustados com o facto de poderem ficar privados da poção e onde os Romanos se mostram mais insistentes e maliciosos no objectivo de eliminarem a aldeia.
Astérix e os Bretões - Neste livro, os protagonistas viajam para a Bretanha (actual Inglaterra) ajudar uma aldeia que resiste aos Romanos. Os habitantes dos países visitados por Astérix correspondem a estereótipos e idiossincrasias dos povos actuais, pelo que aqui temos os guerreiros Bretões que são bons combatentes mas recusam-se a combater às 5 da tarde pois têm de beber água quente (o chá ainda não era conhecido na Europa), têm uma má culinária, são fleumáticos e falam de um modo peculiar. E é precisamente na componente dos diálogos que este livro é brilhante, Goscinny (o argumentista) usou vários jogos de palavras e referências à lingua Inglesa actual, por exemplo os Bretões dizem "sacudamos as mãos" ou seja a tradução literal de "shake hands" ou "mágica poção" (magic potion) em vez de "poção mágica". Este livro tornou-se tão difícil de traduzir (as traduções não podem perder a referência à lingua inglesa nem perder o humor) que é usado como referência em estudos académicos da área.
A Zaragata - Este é o meu livro favorito da colecção. Os Romanos percebem que para derrotar os Gauleses têm de semear a discórdia entre eles. Com o fim da sua união e amizade, a poção não tem qualquer significado pois deixam de ter um inimigo comum. Para provocar a desunião, Júlio César envia um intriguista "profisisonal": Tulius Detritus. Estratega sagaz, Detritus percebe que para semear a discórdia tem de ter como alvo Astérix. Deste modo finge uma amizade com o herói, enviando-lhe presentes caros e declarando-o a pessoa mais importante da aldeia (o que entra em conflito com a opinião do chefe da aldeia). Ao mesmo tempo Detritus simula que os Romanos têm a poção mágica, dando a impressão aos Gauleses que Astérix vendeu o segredo da receita. A história é excelente a mostrar de como se comportam os seres humanos, com a inveja e a mesquinhez.
Obélix e Companhia - Outro plano diabólico dos Romanos. Desta vez o dinheiro entra em acção e já que não conseguem combater os Gauleses, tentam comprá-los. O alvo começa por ser Obélix que para além de ser o mais forte de todos é distribuidor de menires. Os Romanos começam a comprar os seus menires e vão cada vez mais inflacionando o seu preço, tornando Obélix milionário e alvo de admiração e inveja de toda a aldeia. Rapidamente outros seguem o seu caminho e tornam-se também milionários. Como os menires não servem para nada, os Romanos têm de lhe dar um uso, neste caso a ideia que passa é que o menir causa a inveja dos vizinhos e tornam-se imensamente populares. Tudo acaba por correr mal quando os produtores romanos de menires defendem os produtos nacionais e boicotam os menires Gauleses.
Este livro é uma clara critica ao capitalismo, onde é explicado como funcionam os mercados e ao mesmo tempo o ridiculo do sistema onde perdemos tempo e dinheiro a comprar coisas que não necessitamos (simbolizado nos menires, que não servem para nada).